terça-feira, 28 de setembro de 2010

Andei

Acordei de mau humor, eu sou previsível. Tirei o carro da garagem com vontade de guardá-lo. Liguei o rádio com vontade de desligá-lo. Falei com vontade de calar. Escutei, mas não ouvi. Meus sentidos estavam todos invertidos, meus desejos escondidos. Pensei em abaixar um pouco o som, pois meus ouvidos doíam. Pudesse eu abaixar o volume da cidade.
Quanto mais consciência eu tenho da dor e da impotência, mais lugares eu procuro pra me esconder, e digo, são lugares lindos.
Essa retórica é tão previsível. Unf...
Cheguei em casa, jantei um arroz com legumes. Nunca esquecerei.
Tomei uma banho quente, tive saudades dos meus pais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Acerto dos ponteiros

Dualidade. Eu em conflito comigo mesmo, infinitamente até o fim.
São 7h13 da manhã e já estou em pé de guerra!
Segunda-feira, rodízio do meu carro, tive que acordar mais cedo. No caminho uns tragos de monóxido, uns goles de stress, 2 horas de alucinação.
Essa porra toda seca as lágrimas, entorta os dentes, corrompe a alma, aumenta o peso da gravidade sobre a cabeça. Trânsito de Deus, na cidade próspera, capital da felicidade, dinheiro, consumo e cegueira. Poluição divina do poder, desenvolvimento, realização de sonhos, sofrimento. Pessoas com sorrisos falsos, mulheres que te olham o pinto e a marca do sapato, crianças que te chutam do colo da mãe puta, homens que querem seu espaço, a sua carteira, seu lugar na mesa, sua vida inteira.
As ruas da cidade cobertas de lixo, os becos recheados de bosta, as praças fedem urina, esgoto a céu aberto, contraste, mentira, o marketing eleitoral. E você só consegue pensar na vitrine daquela loja. Eu também, não sou hipócrita. Só consegue pensar na boceta que não é sua. Eu também, não sou hipócrita. Só consegue pensar nos seios do governo, enquanto o governo só pensa nos seus. Quem mama mais?
Acho que vou fazer um café.

Preguiça

Meu codinome: Preguiça.
De contar histórias, de ser gentil, educado, sociável, amigável, saudável, bacana, bonito, alegre, produtivo, otimista, definitivo...
Quero deitar minha existência num gramado verde e úmido, onde nimguém possa me ouvir.
Preguiça de entender esse mundo, de tirar o carro da garagem. Preguiça de escrever.
Unf!