terça-feira, 5 de julho de 2011

Ser discreto

É ouvir uma sinfonia de cornetas por dentro e brandar um olhar silencioso. É sentir a droga do amor dilacerar cada fibra do coração, enquanto olha bobamente o horizonte vermelho.
É acender o décimo terceiro cigarro esperando voce entrar no msn. Isso é insano!
É acumlar uma pilha de livros começados ao lado da cama e colocar um copo de leite sobre eles de manhã.
É relutar escovar os dentes após o almoço, até a hora do café da tarde, e já que está perto da janta, deixa pra lá.
É dar seu último cigarro pro amigo de casa e ficar sem inspiração pra escrever, como agora.
É qualquer gesto sutil que a maioria das pessoas não nota.
É aceitar o menosprezo com desprezo e o preconceito com indiferança.
É saber que tua ex ta namorando e sorrir.
É aceitar a morte e a derrota, sem guardar a espada na bainha.
É escrever e falar imparcialmente.
É transar sem noticiar.
É fechar os olhos e abaixar a cabeça pra ouvir esse piano elétrico.
É mudar de endereço e avisar ninguém, pois deixe que interessados e interessantes descubram.
É não deixar o final do orgasmo desmotivar o beijo.
É ter malandragem o suficiente pra não magoar nimguém.
É saber abandonar o lixo que supomos ouro, e a ilusão que supomos realidade.
É agradecer as dores do mundo que nos dão olheiras profundas, em detrimento as alegrias que dão sorriso plástico, anêmico e apático.
É viver em paz com o que tem.

É permanecer de cueca no quarto frio, sentindo as pernas congelarem, pra terminar de escrever o que é ser discreto, o que, óbvio, não ficou bem definido, porque tudo isso é muito mais que ser discreto!
É o que da na cabeça e não tem nome.