domingo, 28 de março de 2010

Voar

Eu decolo do areoporto lá de casa.
E perco a chave da porta.
Voô por lugares desconhecidos
E cruzo com pessoas esquisitas.
Fora de casa perco a noção do tempo
Vou na direção do vento.
Experimento cenas improváveis.
E fico despido, ao mesmo tempo escondido.
Fora de casa nãoo tem quarto nem sala
Nem conforto nem Mara.
Mas é bom tomar o avião de volta
E pousar no aeroporto lá de casa
Onde o mundo é mais calmo e meu.
Fico cheio da viagem, e volto.
Depois fica vazio lá em casa.
E reabasteço o avião.

quinta-feira, 25 de março de 2010

É isso?

O que é a vida senão uma troca? Alguém aí não foi mordido pelo vampiro? Alguém aí está me ouvindo?
Eu gosto das pessoas erradas ou a vida nesse mundo é realmente patética?
Eu gosto?
Decepções, rancores, mágoas. O sol insisti iluminar o que há muito está apagado. E o pescoço já não suporta mais o peso da cabeça que quer baixar.
A trilha sonora da minha vida é um ruído constante, como uma goteira no canto da cabana abandonada.
Foi pensando nestas coisas que eu sonhei com zumbis noite passada.

Ainda existem coisas que me confortam neste mundo. Silêncio, silêncio e silêncio.
Não tente entender, amor.
Me dê as mãos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sensorial

O poeta morreu, mas ainda murmura.
Os ponteiros do relógio ecoam tic-tacs.
O cão late.
Motocicletas cruzam.
Enquanto isso meu pé coça uma picada de inseto.
A arte imitando a vida pelos becos sem saída. A vida imitando ficção.
Assim, do meu lado direito sinto chulé azedo. Do esquerdo, lápis e caderno.
Acabaram minhas férias. Estou pensando em fazer um curso de inglês, porque música, não estou pensando mais. Aliás, que música poderia representar esse momento? Hum, talvez: "E as ondas vão e vem, as ondas vem e vão, e vão e vem em vão".
Se esse poema é triste, então não sei o que é alegre.