quarta-feira, 30 de março de 2011

BIA

Ria de agonia, dentro da psicodelia
Envolvia a vulva na lisergia
E pedia, pedia
Metia
Fodia
de noite
de dia
A gente só assistia
A pederastia
Palavras de mentira

quarta-feira, 16 de março de 2011

Louco de ser

Que trabalho, que Deus, que emoção, que cerveja, que mulher?
Porra, que repertório???
Eu sinto como se existisse um dedo sobre meus ombros apontando direções a esmo. Ora o caminho certo, ora o errado, por sorte ou por azar.
Dúvidas não vem de mim, vem de vocês, de outros, de carros, de relógios, televisões. Eu sozinho me dou muito bem, daí vem você com essa cara de amor, amanha de pavor, quando eu me afasto, depois que voce diz que me gosta. Me agarro numa garrafa de ilusão e te esqueço onde te conheci, levando meu sorriso na direção contrária, pra sua felicidade.
Agarro o celular pra te ligar, e acabo ligando pra quem não quer me ouvir, alimentando o fogo que derrete a vela, eu.
Paro por um instante e decido não mais escrever, achando perca de tempo, perder o tempo jogado ao vento.
Ser humano é bom ser, pra ter vontade de ser qualquer outro animal.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Meu papel social

A música da cidade conectada aos meus ouvidos produz uma inspiração louca, dilata minhas pupilas, me faz passear no passado, sugere o presente, me leva para ao futuro, mas é tudo igual.
Nenhuma vírgula permite o tempo, nem uma pausa no pensamento enquanto treino a minha pobre maneira de escrever, só porque eu quero, não faz sentido. O ponto final não é uma pausa é um acidente. Esse quase me mata, mas assim vai, vai, vai.
Sinto vontade de carpir um terreno baldio enquanto pesco palavras no profundo lago das minhas idéias, estou cheio de sentimentos adormecidos e saudades que aceitei, vida que aceitei. Não dá pra escrever sem falar de dor e não da pra pensar sem sentir dor. Eu respiro, e dói.
Mais uma música da cidade se acaba, são 11 horas da noite, outra começa sugerindo agora movimentos suaves com a cabeça, provocando a queda do meu olhar. Quanto vale tanto sofrimento?
Eu reparo um cachorro na rua abaixando-se pra defecar com timidez, o bicho interrompe o movimento intra pra fugir do carro apressado que vem. São as coisas que eu reparo. Eu vejo um cachorro na rua, chamo-o de vagabundo, ouço seu latido sem sentido e tomo-lhe nos braços, o chamo de amigo, jogo uma bala de eucalipto pra ele cheirar e rejeitar.
Eu quero beber uma dose de qualquer líquido que embriaga, fumar um cigarro, que envolva a sala em penumbra, sua fumaça.
Outra música agora me deixa atordoado, da vontade de sair correndo a toa só pra chover no ombro doído e escorregar na lama. Eu só não quero parar de escrever pra não ter que voltar à sala que estava com a televisão ligada que ganha audiência caçoando de tudo, tudo, tudo, principalmente dos que dão a audiência, todos unificados e desunidos. Eu só não quero voltar pro frio que vem de todas as portas e todas as janelas. Não adianta fechá-las, o frio vem, vem, vem e escapa por qualquer lugar e o quarto fica bem ali me esperando com cama de pânico e edredom de calafrio. Outra música começou pra me ajudar a fugir mais um pouco, mas não da pra ficar aqui pra sempre, eu preciso comer.
Minha cama é pedra, meu edredom papelão, a comida é incerta e a sala o quarteirão.
Nenhuma vírgula, nenhuma pausa, nenhuma dúvida. Que tempo é esse que me tira o ar, que passa e não se explica
O que importa de verdade se a única coisa significativa a minha frente é a morte?