sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sexto sentido

Anos se passaram desde a última postagem. De repente, sem explicação exata, decidi parar de escrever. E agora, como remédio de um tédio sonolento, aqui estou a escrever e gostei ou não. Sobre todas as coisas paira a dúvida. Ser ou não ser..ou ...ou....ou....ou...ou....e?e?e?e?e? Pelo menos é bom vomitar aqui agora. A dor e sofrimento do vômito precede o mais delicioso alívio e desejo de começar outra vez. Neste momento as ilusões se tornaram escassas. Isso talvez explique a brusca interrupção da escrita e seu retorno futuro. Passei por devaneios de amor e hedonismo da carne. Acreditei que nada é tudo. Acreditei até em Deus. Entorpeci minha razão dia após dia. Andei sozinho e sozinho voltei. Berrei o mais alto possível, mas somente meus ouvidos puderam escutar. Transformei a agonia em otimismo, dei novos moldes à dor, olhei para a mesma paisagem de mil formas diferentes, entendi que o amor é imagem semelhança do ódio e que a liberdade é que nos acorrenta. Engraçado, envelhecer muito me parece rejuvenescer. Passado, aqui vou eu.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sentença

Uma boa ótica de ver a vida é através da tragédia!
Eu sou um desgraçado, você é um desgraçado. Por que nos defendemos tanto, se sabemos que somos desgraçados?
O ego é só mais uma das mentiras impregnadas na sua existência; digo, na nossa existência.
Durante o pálido instante entre estar acordado e dormindo, tive a manifestação brilhante de uma idéia. Lutei pra levantar e escrever, mas era tarde demais; adormeci.
O lampejo mostrava uma boa alma cometendo suícidio involuntário, motivado pelo grande ditador do padrão de vida capitalista e pelo modelo cristão ocidental. Ninguém havia me dito que havia inscrição para a escravidão, mas me alistei.
Trabalhei o ano todo como um comportado servo, e por isso recebi algum dinheiro, o qual, com um sorriso bestial e efêmero, devolvi pra quem me deu. Paguei todos os meus impostos, recebi uma carta do SERASA por atraso de pagamento de uma parcela do financiamento Construcard, todo meu 13º salário dispus para o IPVA, comprei uma lavadora de alta pressão de presente para meus pais, uma caixa de pessegos para minha sogra, algumas garrafas de cabernet sauvignon e poupei algo aproximado a 112 reais.
Me revolto por 45 segundos cada vez que vejo no noticiário a corrupção encrostada nos três poderes: legislativo, executivo e judiciário. Penso em todas as leis a que sou submetido, leis como cobras que só picam os pés de quem está descalço.
A inflação deste ano terminou acima do teto prometido pela Presidente da República, o IPI reduziu nas vésperas do Natal, que presentão! Depois esculhambam os brasileiros inadimplentes.
Eu preciso de um sabonete anti-bacteriano e de um creme dental branqueador? Eu preciso de depiladores elétricos e carros com sensores de chuva?
Não se trata mais de máscaras que vestimos, mas de fantasias completas, coloridas, como carnavalescas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ser discreto

É ouvir uma sinfonia de cornetas por dentro e brandar um olhar silencioso. É sentir a droga do amor dilacerar cada fibra do coração, enquanto olha bobamente o horizonte vermelho.
É acender o décimo terceiro cigarro esperando voce entrar no msn. Isso é insano!
É acumlar uma pilha de livros começados ao lado da cama e colocar um copo de leite sobre eles de manhã.
É relutar escovar os dentes após o almoço, até a hora do café da tarde, e já que está perto da janta, deixa pra lá.
É dar seu último cigarro pro amigo de casa e ficar sem inspiração pra escrever, como agora.
É qualquer gesto sutil que a maioria das pessoas não nota.
É aceitar o menosprezo com desprezo e o preconceito com indiferança.
É saber que tua ex ta namorando e sorrir.
É aceitar a morte e a derrota, sem guardar a espada na bainha.
É escrever e falar imparcialmente.
É transar sem noticiar.
É fechar os olhos e abaixar a cabeça pra ouvir esse piano elétrico.
É mudar de endereço e avisar ninguém, pois deixe que interessados e interessantes descubram.
É não deixar o final do orgasmo desmotivar o beijo.
É ter malandragem o suficiente pra não magoar nimguém.
É saber abandonar o lixo que supomos ouro, e a ilusão que supomos realidade.
É agradecer as dores do mundo que nos dão olheiras profundas, em detrimento as alegrias que dão sorriso plástico, anêmico e apático.
É viver em paz com o que tem.

É permanecer de cueca no quarto frio, sentindo as pernas congelarem, pra terminar de escrever o que é ser discreto, o que, óbvio, não ficou bem definido, porque tudo isso é muito mais que ser discreto!
É o que da na cabeça e não tem nome.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Me esquece

O tempo está me transformando em tempo.
Que insistência, fazer de mim começo, meio e fim. Acho que estou no meio, mas desejo o começo, mas não alcanço e assim desejo o fim, então quero permacener no meio, porque o tempo me arranca os dias.
Entre as coisas que não existe, o tempo é a mais cruel de todas! Porque te rejuvenesce a alma, a mente e te envelhece o corpo. O caos é o tempo efêmero eterno, a contradição da contradição, a beleza da morte e o ódio do nascimento. O tempo é a ilusão dos ideais jamais alcançados. Tirano dos tiranos.
Se o tempo existisse, talvez eu poderia continuar escrevendo eternamente e depois te amar eternamente, e depois dormir eternamente, e depois viver e morrer eternamente.
E depois, começar tudo de novo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

As Três Palavras Mais Estranhas

"Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe no que ainda não existe."

Wislawa Szymborska.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Hum, deixa eu pensar...

Se conhecemos a hipcrisia, e sabemos que é uma das maiores mazelas da sociedade, por que é tão difícil ignorá-la, ou pelo menos evitar que nos afete?
Quem nunca foi vítima dos próprios atos?
Quem nunca negou o próprio caráter em busca de um desejo efêmero e egoísta?
Quem nunca se arrependeu? Essas questões ajudam a refletir a própria conduta, em detrimento da alheia, a qual habitualmente julgamos. O passado não tem o mérito de condenar alguém no presente, escraviza-se quem se apega ao passado. Basta nascer nesse universo de consumo, estética e prazeres pra estar diretamente submisso a hipócrisia, incoerência e soberba.
Aquela ressaca moral fodida, que as vezes acomete, o sentimento de culpa por algum erro, é como o corpo eliminando um veneno e criando imunidade contra ele, assim como o estômago expeli um alimento ruim através de sensações desconfortáveis, como o vômito.
O passado não deve ser motivo de vergonha, medo, angústia, primeiro porque é imutável, e segundo porque as pessoas são mutáveis.
Essa idéia de hipocrisia de massa, adjacente ao meu conhecimento empírico, é algo que percebo dentro de casa, no seio da família, na igreja, na política, nos amigos, no espelho.
A hipocrisia de massa pode ser inerente ao homem, ou ao modelo de vida que ele criou, mas uma vez percebida, pode ser expurgada, o que a aproxima mais de um modelo de vida, do que uma característica humana.
No entanto, eu seria hipócrita em dizer que não sou hipócrita, porque eu tenho a sensação de que escrevo isso pra justificar alguma decisão ou sentimento que me tomou, o que, por sua vez, aproxima a hipocrisia a uma característica humana.
São tão díficeis quanto entender a origem da vida, as relações sociais.
Mas como essa redação não tem nenhum cunho científico, tampouco almeja resultado, eu tenho a satisfação de finalizar com um belo e notável grito:

Fuck!!!!!!!