quinta-feira, 9 de junho de 2011

Me esquece

O tempo está me transformando em tempo.
Que insistência, fazer de mim começo, meio e fim. Acho que estou no meio, mas desejo o começo, mas não alcanço e assim desejo o fim, então quero permacener no meio, porque o tempo me arranca os dias.
Entre as coisas que não existe, o tempo é a mais cruel de todas! Porque te rejuvenesce a alma, a mente e te envelhece o corpo. O caos é o tempo efêmero eterno, a contradição da contradição, a beleza da morte e o ódio do nascimento. O tempo é a ilusão dos ideais jamais alcançados. Tirano dos tiranos.
Se o tempo existisse, talvez eu poderia continuar escrevendo eternamente e depois te amar eternamente, e depois dormir eternamente, e depois viver e morrer eternamente.
E depois, começar tudo de novo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

As Três Palavras Mais Estranhas

"Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe no que ainda não existe."

Wislawa Szymborska.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Hum, deixa eu pensar...

Se conhecemos a hipcrisia, e sabemos que é uma das maiores mazelas da sociedade, por que é tão difícil ignorá-la, ou pelo menos evitar que nos afete?
Quem nunca foi vítima dos próprios atos?
Quem nunca negou o próprio caráter em busca de um desejo efêmero e egoísta?
Quem nunca se arrependeu? Essas questões ajudam a refletir a própria conduta, em detrimento da alheia, a qual habitualmente julgamos. O passado não tem o mérito de condenar alguém no presente, escraviza-se quem se apega ao passado. Basta nascer nesse universo de consumo, estética e prazeres pra estar diretamente submisso a hipócrisia, incoerência e soberba.
Aquela ressaca moral fodida, que as vezes acomete, o sentimento de culpa por algum erro, é como o corpo eliminando um veneno e criando imunidade contra ele, assim como o estômago expeli um alimento ruim através de sensações desconfortáveis, como o vômito.
O passado não deve ser motivo de vergonha, medo, angústia, primeiro porque é imutável, e segundo porque as pessoas são mutáveis.
Essa idéia de hipocrisia de massa, adjacente ao meu conhecimento empírico, é algo que percebo dentro de casa, no seio da família, na igreja, na política, nos amigos, no espelho.
A hipocrisia de massa pode ser inerente ao homem, ou ao modelo de vida que ele criou, mas uma vez percebida, pode ser expurgada, o que a aproxima mais de um modelo de vida, do que uma característica humana.
No entanto, eu seria hipócrita em dizer que não sou hipócrita, porque eu tenho a sensação de que escrevo isso pra justificar alguma decisão ou sentimento que me tomou, o que, por sua vez, aproxima a hipocrisia a uma característica humana.
São tão díficeis quanto entender a origem da vida, as relações sociais.
Mas como essa redação não tem nenhum cunho científico, tampouco almeja resultado, eu tenho a satisfação de finalizar com um belo e notável grito:

Fuck!!!!!!!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Adormeceu

Adormeceu aquela curiosidade infantil
Adormeceu a repúdia adolescente.
Adormeceu aquele calor de paixão colegial.
Adormeceu aquele sonho vil e o tesão descontrolado.
Sensações que o tempo transformou em trapos, agora que o "vento me seca as lágrimas" (Lobão).
A corda que atravessa os portões, a vida puxando de um lado, e o tempo do outro, na eterna e desesperada guerra cadavérica. Venci o tempo, quando o aceitei.
Soltei a corda e fui experimentar qualquer prazer na cidade, dar a vida por uma noite, o caráter por um beijo, a decência por um olhar, a longevidade por uma garrafa de vodka, o fôlego por um cigarro, a castidade por qualquer sexo sujo, já que adormeceu em mim aqueles ares ingênuos do colégio.
Covarde e bêbado, frágil na noite, me doando pra qualquer mendigo, pra qualquer puta, com um sorriso imcompleto na cara e acordar no dia seguinte tentando recolher meus restos espalhados no chão frio, na expectativa de terminar aquele livro.
Mas além disso, que é nada, bate um coração aflito no peito, eternamente, por sua vez, autônomo de suas póprias desgraças.
O amor existe. É uma pulsação na cabeça do meu pau, onde se concentra todos os sentidos humanos e me permite fazer milagres!
Cada dia um sabor amargo diferente na ponta da língua.
Mas a vida, essa é doce!

A última crônica

Estou buscando inspiração pra escrever minha última crônica (se é que existe uma classificação pra isso que eu escrevo).
Não houve sequer um único texto que eu tenha escrito sem inspiração melancólica. O último não poderia ser diferente.
Por que a última crônica?
A última dessa fase.
Sinto-me como um filhote de cachorro, que abre os olhos aos poucos, se ofusca com a luz queimante, comtempla um mundo incoerente e abana o rabo.