segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Província

Eu vou voltar correndo pra você, sem hesitar um segundo sequer. Porque amo tudo de você.
Seu jeito simples me completa, basta.
Não importa sua preciosidade, e sim a sua utilidade, o que a torna preciosa pra mim, mesmo que para outros, voce nao passe de mais uma no corredor da fome.
A minha ambição tem o seu tamanho. Nada a mais, nada a menos.

Pra que tanta ganância, se você nem faz idéia do que espera da vida? Vive por aí perdido, achando que ser promovido a escravo senior é alcançar o sucesso pleno. Ingenuidade ou maldição?
Tente acordar e reconhecer o milagre de estar vivo.
Começa por aí.
Tomou uma decisão rara: não saiu para embreagar-se no sábado a noite.
E essa decisão rara ensejou uma consequência mais rara ainda: acordar cedo no domingo. "Eu pedi um somingo de sol sem fim".
Devia fazer pelo menos 20 anos que não apreciava o sol de uma manhã de domingo. Diante disso, aconteceu uma terceira raridade: sair pra caminhar naquela manhã de domingo de sol sem fim.
Foi como uma experiência nova. Admirava tudo como um criança. Mesmo com certa idade, não permite que os olhos envelheçam - e se lança para deslumbra-se eternamente.
Deu cinco voltas no parque, 2 andando e 3 correndo. A barreira do sedentarismo que a rotina impõe massacra, portanto, cinco voltas.
Sozinho e exausto, procurou sombra.
À sombra, percebeu que não havia tempo a cumprir, somente tempo a curtir.

Essa deveria ser a rotina.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

2010, mais uma odisséia no espaço


O ano próximo. O ano da música.

Posso escutar o ruído que atravessa retrogradamente dezembro, novembro, outubro, setembro até chegar em agosto. Daqui por diante, o som vai ficando cada vez mais alto. Você é capaz de ouvir ? Feche os olhos, se concentre, relaxe o corpo....Ouça a música que vem de 2010.

Ao atacar uma nota musical, colocarei tudo que vi, li, sonhei e sofri.
A música será feita a minha própria imagem e semelhança. Cada compasso de tempo um sentimento, pulsão de vida.

Explosões coloridas cerebrais encartadas no mármore branco da sala, rebatem e voltam aos ouvidos, fazendo tremer a pele e estremecer os olhos. Corre pra ver, é nascimento. O umbigo já fez sua parte, agora a música vooa com as próprias asas.


Por fim, a humilde e desconhecida obra, será lançada para o Universo, onde se perpetuará e ecoará por toda a eternidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Santos 16º

Zero temporada e zero sol. Nenhum turista, nenhum raio amarelo.
Passava desapercebido. Nimguem notava meu jeito bicho-grilo-paulistano, nimguém imaginava estrangeiros.
Dava pra sentir o pulsar natural da cidade, num dia comun, tranquilo e chuvoso. Enquanto isso, o mar se movimentava lançando ondas pacíficas aos corações.
Supreende arquitetura histórica ao ar orvalhoso da noite.
À 16º, Santos inspirou.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Shopping Center

Desejo o silêncio tanto quanto desejo a morte. O silêncio e a morte, tão calmo.
A morte da ilusão e da esperança.
Ser límpido e cristalino, puro e ingênuo como uma criança recém nascida. Abrir os olhos e enxergar tudo claro, surreal.
Já basta essa vida artificial. Tudo é fabricado. Sorrisos, lágrimas, desejos sobretudo. A exploração do seu sentimento como produto do lucro sem fronteira é a nova moda pop.
A mãe solteira chega em casa as 10 da noite, cansada do trabalho e do trânsito exaustivo. Seu filhilho anêmico, branco apartamento, corre para recebê-la a porta. Ela abre a bolsa e diz: olha o que a mamãe trouxe pra vc. Um Mc lanche feliz! A criança nao consegue se conter de emoção. Alimenta sua desgraça e dorme com os olhos fissurados de televisão.
Boa noite filho, dorme com o Ronald Mc Donald, quer dizer, Deus.
Tantos deuses. Alemão preveu que o verdadeiro abandonou o cargo de tanta tristeza, e hoje é um viciado em crack.

Não se encontra mais seres humanos por aí, somente belas carcaças que tiveram seus cérebros esparramados pelo corpo para avantajar bandas e bundas. Esse corpo me pertence, não saio! Posso te emprestar por algum prazer.

OOO tristezaaa...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ÓÓÓÓÓÓ

Incrível como somos seres inconstantes. A menor brisa pode alterar nosso humor, estragar nosso dia, ou mesmo o contrario disso. Quantas vezes fui surpreendido por um olhar, e nele fiquei vidrado por dias, sem saber porque. Uma palavra torta preferida, um esbarrão, um passáro que atravessa o caminho, uma criança sorrindo, um pai chorando, o sol se pondo, a lua se erguendo, vodka, wisky, LSD, sua mãe te chamando pra ir a igreja, seu avô gaguejando monossílabas, seu vizinho batendo na esposa, seu cachorro latindo para um negro, um cortador de cana derramando seu suor na terra, uma manga madura caindo sobre o capo do seu carro, o barulho dos carros, um vendedor de pipas, o assovio do seu amigo no portão de casa. Pequenos detalhes alteram nossa vida, não tenha dúvida. Somos fortes na mesma medida que somos fracos.
Leia os textos dessa farsa de blog e conclua que em cada um tem uma pessoa diferente escrevendo.

Mas acho que alcancei a neutralidade escrevendo este. Hoje acordei imparcial. Levantei com os dois pés! Foda-se a Bahia toda! Não to nem aí pra gripe suína. Que venha a caprina! Vou chegar em casa e tomar um banho de 50 minutos! Comer uma pizza de 4 queijos! Jogar o lixo na calçada! Dar risada do bebado deitado na rua! Cagar na calça e fazer helicóptero com a cueca no metrô!

Mas espere! Aí vem uma brisa!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sentimentos

Estava tudo vazio, e já não havia esperança. Odiava o tempo e tudo e todos, mas estava cheio de sorrisos. A alegria as vezes preenche a alma, mas o vazio amigo insiste em amanhacer. Sempre foi assim, sempre será.
As vezes me perguntou se sou retardado, ou se sou o único ser humano por aqui.
Na noite tudo parece perfeito, ao acordar foi ridículo e fútil.
Mas não era nada disso que eu queria falar!

...

Estava tudo cheio, e pairava uma esperança no ar. Amava o tempo e tudo e todos, mas estava vazio. A tristeza as vezes preenche a alma, mas a alegria amiga insiste em amanhecer. Sempre foi assim, sempre será.
As vezes me perguntou se sou infeliz, ou se sou um mero animal de desejos irreais.
Na noite tudo parece rídiculo, ao acordar foi sublime e essencial.

...

Eu nasci primeiro, depois veio você. Crescemos, andamos, aparecemos, aprendemos. Vivemos tudo até aqui, em rios diferentes. Agora nossas águas se encontraram.
Que maravilha é sentir seus fluídos esparramados nos meus, isso é tão suave e calmo.

...

Sejamos felizes com o que temos...pode ser nada, mas é tudo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

um dia após o outro

Dispenso todo movimento lógico obrigatório rotineiro pra começar escrever. Blehh! Usar o mesmo tênis todo dia me da ânsia. Não que eu seja um aficionado por tênis. Mas a repetição me enjoa.
Cê ta pensando que eu sou lók bixo?

O diferente de hoje foi assim...
Saí pra caminhar a noite. Tava um clima ótimo. Sentir o vento nos braços foi inusitado nesses dias frios.
Encontrei um amigo, caminhamos mais um tanto até o terraço do SESC Av. Paulista. Tava rolando a chamada "Noite do chorinho e Blues".
Na portaria a Lurdes disse que a casa tava cheia. Insistimos. Ela ligou pro Cláudio e perguntou se podia mais dois.
Claro Lurdes, respondeu Cláudio.
Subimos e a primeira visão foi de moças rodando saias em movimentos voluptuosos. Hummmmmmmmm.
O cardápio foi cerveja e castanha de caju. Meio gay a castanha de caju. Por mim tinha pedido um cuscus de sardinha. Mas como ja havia jantado, nao fiz questão de escolher o aperitivo.
O choro cessou em duas músicas. O que nos obrigou a fumar um cigarro na sacada do terraço. Tinha um telescópio la. Foi interessante bisbilhiotar a rotina caseira de algumas pessoas. Eu devia me enverginhar disto.

A volta foi a mesma caminhada agradável de um suspiro de verão no inverno.

Chegando em casa fiquei sabendo pela TV que Carlos Santana, após deixar as drogas, afirmou ter frequentes dialogos com o falecido pai do blues, Robert Jhonson, e com um amigo imaginário parecido com Papai Noel.

O sono bloqueia o cerebro. Tchau.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

E disse o rato do deserto

O cérebro é tudo. Se você cuida bem dele, o corpo se cuida sozinho. A idade é aquilo que a gente pensa.
Eu me sinto jovem, eu sou jovem. Mas talvez me sinta mais jovem hoje do que a 5 anos atrás. Não me preocupo com as coisas. Se tenho um problema, meto a fuça pra resolver, e pronto falei. As pessoas que vivem mais tempo são as que vivem com mais simplicidade.
Dinheiro não salva nimguém. Dinheiro faz a pessoa se preocupar e se agitar.
É bom ficar sozinho e quieto. Pensar com a própria cabeça. Procuro não pensar demais numa coisa só.
Tento não entrar no trilho. Todo mundo tem de morrer de alguma coisa, então porque dificultar as coisas pra si mesmo?
Se o sujeito se contenta com pouco, vai ser feliz. Pode apostar. O principal é ser capaz de viver em paz consigo mesmo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Olhando o Canyon, os grandes anfiteatros, coliseus, templos que a natureza escavou ao longo de incalculáveis períodos de tempo em diferentes ordens de rochas, perguntei-me porque efetivamente aquela vasta criação não podia ser obra do Homem. Por que, na América, as grandes obras de arte são todas obras da natureza? Havia arranha-céus, com certeza, e diques, pontes, estradas de concreto. Todos utilitários. Em nenhum lugar da América havia nada comparável às catedrais da Europa, aos templos da Ásia e do Egito - monumentos duradouros criaos plea fé, pelo amor, pela paixão.
Nenhuma exaltação, nenhum fervor, nenhum zelo - a não ser para aumentar os negócios, facilitar o transporte, aumentar o domínio da impiedosa exploração. Resultado disso? Um povo em rápida decadência, um terço na pobreza, os mais inteligentes e influentes cometendo suícidio racial, os pobres coitados se tornando mais e mais desregrados, mais e mais criminosos, mais degenerados e degradados sob todos os aspectos. Um punhado de políticos indiferentes, ambiciosos..."

Este é um trecho do livro Pesadelo Refrigerado de Henry Miller, escrito em 1945.
Qualquer semelhança com a atualidade, é mera coincidência.