sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Condutor

Os ponteiros não param, mas é preciso se levar de um lugar ao outro. É um tempo vazio enquanto viajamos pela cidade.
Ontem, após uma confraternização da turma do inglês no bar do Juarez, entrei no carro.
Coloco a carteira num compartimento do lado inferior esquerdo do volante, travo as portas, aperto os cintos, dou a partida e pratico musculaçao com a direção mecânica, até sair da vaga apertada. Eu sempre paro na rua, diga-se de passagem. Em São Paulo é muito comum as pessoas gastarem 15% de seus vencimentos com estacionamento.
Caía uma chuva leve, segui em direção a minha casa. Parei no cruzamento da Faria Lima com a Pedroso de Morais, onde notei as luzes do semáforo refletidas no espelho do asfalto equalizadas com a música Get Ready do Sublime. Daí comecei a reparar nas coisas ignoradas da rua. As folhas no asfalto levantando voô quando eu passava a 60 Km/h, as pessoas andando embaixo de guarda-chuvas, poças d'água e uma pequenina me mostrou uma moeda no semáforo.
Acendi um cigarro, continuei desenvolvendo o caminho de casa, e o coração sofreu quando percebi a vida passando tão depressa, ali, dentro do carro, sozinho, em busca de alguma coisa, numa estrada sem destino, cheio de saudades.
Eu era um pleno condutor do meu carro, mas não da minha vida. Esta me conduz.
Bonito ver as luzes no espelho do asfalto.

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