sexta-feira, 3 de junho de 2011

Adormeceu

Adormeceu aquela curiosidade infantil
Adormeceu a repúdia adolescente.
Adormeceu aquele calor de paixão colegial.
Adormeceu aquele sonho vil e o tesão descontrolado.
Sensações que o tempo transformou em trapos, agora que o "vento me seca as lágrimas" (Lobão).
A corda que atravessa os portões, a vida puxando de um lado, e o tempo do outro, na eterna e desesperada guerra cadavérica. Venci o tempo, quando o aceitei.
Soltei a corda e fui experimentar qualquer prazer na cidade, dar a vida por uma noite, o caráter por um beijo, a decência por um olhar, a longevidade por uma garrafa de vodka, o fôlego por um cigarro, a castidade por qualquer sexo sujo, já que adormeceu em mim aqueles ares ingênuos do colégio.
Covarde e bêbado, frágil na noite, me doando pra qualquer mendigo, pra qualquer puta, com um sorriso imcompleto na cara e acordar no dia seguinte tentando recolher meus restos espalhados no chão frio, na expectativa de terminar aquele livro.
Mas além disso, que é nada, bate um coração aflito no peito, eternamente, por sua vez, autônomo de suas póprias desgraças.
O amor existe. É uma pulsação na cabeça do meu pau, onde se concentra todos os sentidos humanos e me permite fazer milagres!
Cada dia um sabor amargo diferente na ponta da língua.
Mas a vida, essa é doce!

Nenhum comentário:

Postar um comentário